Antigos embates entre ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podem contribuir para uma decisão do colegiado em desfavor do ex-mandatário. Essa é a avaliação de analistas ouvidos pela reportagem. Eles apontam que as crises do passado entre os ministros e o ex-mandatário não deverão ser colocados de lado quando a Corte analisar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro.
Além dele, outras 33 pessoas foram denunciadas por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Os crimes apontados pela PGR são de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
A defesa de Bolsonaro pediu ao STF que os ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin fossem impedidos de atuar no julgamento da denúncia. Os advogados apontaram que Dino e Zanin já processaram ou atuaram em causas contra o ex-presidente, por isso não poderiam analisar a denúncia.
Na quinta-feira (27), Zanin afirmou que não vê motivos para se declarar impedido. Mas, antes de assumir a vaga no Supremo, ele foi advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e atuou na defesa da federação Brasil da Esperança na campanha de 2022.
Na segunda-feira (24), Dino afirmou que não há “desconforto” em julgar a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro, apesar do histórico de confrontos entre os dois.
Apesar de focar nos magistrados recém indicados por Lula ao Supremo, Bolsonaro também possui histórico de embates com os demais ministros que compõem o colegiado: Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Luiz Fux.