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Corrupção Relativa: em liberdade, Sérgio Cabral publica stories malhando e mostrando o “shape”; veja vídeo

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Até 2022, as penas somadas ultrapassavam 430 anos, um recorde que o colocou como um dos símbolos da corrupção desvendada pela Lava Jato.

Brasil – O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, voltou a chamar atenção nas redes sociais nesta quarta-feira ao postar um stories mostrando sua rotina de exercícios na academia, com a legenda “mantendo o shape”. Não é a primeira vez que Cabral, figura outrora central na política fluminense, adota um tom de influenciador digital, exibindo um cotidiano leve e descompromissado. Contudo, por trás das publicações, paira a sombra de um dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira, que o levou a acumular condenações superiores a 400 anos de prisão – e a questionamentos sobre como ele está em liberdade.

Sérgio Cabral governou o Rio de Janeiro entre 2007 e 2014, período em que foi acusado de liderar uma organização criminosa responsável por desviar milhões dos cofres públicos. Preso em novembro de 2016, no âmbito da Operação Lava Jato, ele enfrentou 35 processos, sendo condenado em 23 deles por crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e evasão de divisas. As investigações revelaram um esquema sofisticado que incluía propinas milionárias de empreiteiras em troca de contratos superfaturados, como a reforma do Maracanã para a Copa de 2014 e obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Só de propina, estima-se que Cabral tenha embolsado mais de R$ 500 milhões, parte desse montante ocultada em contas no exterior e bens de luxo.

Entre as condenações mais emblemáticas, destaca-se a sentença de 45 anos e 2 meses na Operação Calicute, em 2017, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outra pena significativa, de 33 anos, veio na Operação Eficiência, que apontou o pagamento de US$ 16,5 milhões pelo empresário Eike Batista em troca de favores governamentais.

Por que ele está solto?

Apesar do histórico, Cabral deixou a prisão em dezembro de 2022, após pouco mais de seis anos detido, graças a uma decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). A revogação de sua prisão preventiva – a única que ainda o mantinha encarcerado – foi baseada no entendimento de que o longo período sem condenações transitadas em julgado (definitivas) configurava um “excesso de prazo”. Os ministros consideraram que, num Estado Democrático de Direito, ninguém pode ficar preso indefinidamente sem uma sentença final, mesmo diante de acusações graves.

Inicialmente, Cabral foi para prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. Em fevereiro de 2023, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) liberou-o da prisão domiciliar, mantendo restrições como a proibição de deixar o país. Desde então, o ex-governador tem aproveitado a liberdade para reconstruir sua imagem, seja em posts nas redes sociais ou atuando como consultor político – uma guinada que gera críticas e indignação em parte da sociedade.

Nos últimos anos, decisões judiciais também anularam algumas de suas condenações. Em 2024, o TRF-2 derrubou três sentenças que somavam cerca de 40 anos, relativas às operações C’est Fini, Ratatouille e Unfair Play, por questões processuais, como a falta de competência da 7ª Vara Federal Criminal do Rio para julgar os casos. Esses processos foram redistribuídos, mas não há garantia de que resultarão em novas condenações.