Edmundo González Urrutia, candidato que a oposição diz ter vencido as eleições presidenciais da Venezuela, retornará a Caracas em 10 de janeiro para tomar posse. A informação foi compartilhada nesta segunda-feira, 9, em entrevista ao jornal espanhol El País. Em setembro, González recebeu asilo político na Espanha, após ter se refugiado nas embaixadas espanhola e holandesa após o pleito, em julho deste ano.
“A determinação é estar na Venezuela para tomar posse, para o qual fui eleito por mais de 7 milhões de venezuelanos e, se tivesse sido permitido votar no exterior, esse número teria sido ainda maior”, afirmou ele. “Saí da Venezuela temporariamente, sabia que voltaria a qualquer momento e o momento é 10 de janeiro, data da posse.”
O político de 75 anos foi questionado sobre uma antiga declaração, na qual disse não ter uma passagem de avião para retornar à Venezuela. Sem oferecer detalhes, ele rebateu que “existem outras maneiras de chegar lá” e que acredita que não será preso caso pise novamente no país, apesar de a Justiça venezuelana ter emitido um mandado de prisão contra ele em setembro, acusando-o de conspiração e outros crimes. González também relatou que está “mentalmente preparado” para a viagem de volta.
O opositor do regime chavista negou quaisquer planos de governar no exílio, acrescentando: “Isso é claro: estarei na Venezuela”. Ele destacou que está comprometido “a fazer uma transição ordenada, pacífica e democrática”, mas definiu como “enfraquecida” a mediação do Brasil, Colômbia e México para a troca de poder. González pontuou, no entanto, que continua a “apoiar a ideia de uma transição pacífica com a ajuda de algumas potências estrangeiras”.
Além disso, tratou sobre o retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos. Ele frisou que tentará “manter o melhor relacionamento” com o governo americano” e informou que os dois têm mantido contato “indiretamente através de nossos representantes em Washington”, mas adiantou que espera “pleno reconhecimento” da sua vitória nas urnas por Trump. González também amenizou as desavenças no campo da imigração, em especial nas deportações em massa realizadas no primeiro mandato do republicano.
“Essas deportações cessarão no dia em que houver uma mudança política na Venezuela e estiverem reunidas as condições para que todos esses venezuelanos regressem ao seu país, onde os esperaremos de braços abertos”, opinou ele.
Acusações de fraude
Em 29 de julho, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão controlado pela ditadura, apontou a reeleição do presidente Nicolás Maduro com 51% dos votos, contra 44% de González, que substituiu María Corina Machado, líder que venceu as primárias da oposição, após ser inabilitada pelo regime chavista. Em contraste, levantamentos de boca de urna sugeriram que o rival de Maduro teria vencido o pleito com 65% de apoio, contra apenas 31% do líder bolivariano.
Uma projeção da oposição com base em 80% dos boletins de urna que conseguiram obter mostrou resultado semelhante. O principal ponto de questionamento da oposição e da comunidade internacional é que o regime não divulgou os resultados na totalidade, sem a publicação das atas das zonas eleitorais.