A pergunta de US$ 1 milhão desde a tarde de quinta (17), quando a Globo comunicou a antecipação do final do contrato de Fausto Silva, é: por que a emissora tomou essa decisão? Por que dispensar um apresentador de 32 anos de casa dois dias após ele deixar o hospital, sem lhe o dar direito de despedida, em uma nota curta e grossa à imprensa?
A decisão de encurtar o contrato de Fausto Silva, que iria até o final do ano, foi tomada na quarta-feira (16). Houve uma reunião entre os principais executivos da emissora e o até então titular do Domingão. Pode apostar que o caldo entornou, algo muito grave aconteceu.
Uma tese que circula nos bastidores da Globo é a de que a cúpula da emissora teria feito uma série de queixas do comportamento de Faustão e proposto que sua saída fosse antecipada para o final de agosto, quando acaba a Super dos Famosos. Fausto não gostou da ideia e sugeriu, ele mesmo, que a rescisão ocorresse agora.
Isso é suposição, não é informação oficial da Globo ou do apresentador, que estava incomunicável ontem, talvez por alguma cláusula de sigilo costurada no acordo rescisório. Mas um detalhe no comunicado em que a Globo dispensou Fausto corrobora para a tese: o distrato foi uma decisão em comum acordo entre as duas partes.
Uma mudança e tanto para Fausto Silva, que na terça-feira (15), logo após sair do Hospital Albert Einstein, se reuniu com sua equipe para preparar o programa do próximo domingo. Uma mudança e tanto para uma emissora que costuma cumprir contratos e acordos –e o combinado era que o Domingão do Faustão iria até 26 de dezembro.
A verdade é que a relação entre Globo e Fausto Silva estava se desgastando faz tempo. O apresentador não gostou de ter seu programa reduzido de três para duas horas no ano passado, de perder uma hora para o Fantástico. Detestou ter que gravar seu programa às sextas. Isso acabou com o tesão do dono do bordão “quem sabe faz ao vivo”, que passou a ser podado na edição.
Gostou menos ainda quando, em janeiro deste ano, o diretor artístico Ricardo Waddington lhe informou que a Globo decidiu reestruturar sua programação dominical em 2022 e que não haveria mais espaço para o Domingão. Fausto não aceitou a proposta e decidiu encerrar seu contrato no final deste ano. Para a Globo, sua vaidade falou mais alto.
Contrato com a Band azedou relação entre Fausto e Globo
O desconforto aumentou no final de abril, quando Fausto Silva tornou público que havia fechado um contrato de cinco anos com a Band, a partir de 2022. Para executivos da Globo, pareceu revanchismo. Não ficou bem para a emissora esse anúncio tão antecipado, oito meses antes do final do contrato.
A insatisfação da Globo só aumentou. Seus executivos não digeriram as saudações enviadas a diretores da Band e, menos ainda, falas do tipo “até o final do ano estamos aqui”. Era visível a falta de entusiasmo de Faustão para comandar o Domingão. Parecia que ele estava cumprindo tabela.
Os anúncios da saída da Globo e da ida para a Band e o baixo-astral de Faustão à frente do Domingão “contaminaram” o mercado e criaram problemas para a casa. Projetos publicitários não foram fechados por causa disso. Para o departamento comercial, ficou difícil vender um programa que sempre foi sucesso nas agências publicitárias, sempre entre os maiores faturamentos da emissora.
Na Globo, há quem diga que o bom desempenho de Tiago Leifert à frente do último Domingão e o estado de saúde de Fausto Silva, que ainda se recupera de infecção urinária, também pesaram na decisão de enquadrar o apresentador e antecipar sua saída.
Leifert traz um público mais jovem para a programação da Globo e também é queridinho das marcas. E não custa R$ 5 milhões por mês, como Faustão. Enfim, a resposta para a pergunta de US$ 1 milhão é uma somatória de muitos fatores.