Manaus – Com um dos piores índices de arborização do País e, após a Procuradoria da Câmara Municipal de Manaus (CMM) rejeitar a troca de um terreno da Prefeitura de Manaus, no bairro Praque 10 de Novembro por um imóvel da família de Pauderney Avelino, no Centro de Manaus, a gestão de David Almeida (Avante) desmatou grande parte do terreno e iniciou uma obra na área.
Às vésperas das eleições municipais, a gestão do então prefeito está desmatando uma área que, em 2023 a Procuradoria da CMM não permitiu que David trocasse por uma casa no Centro de Manaus.
Mostrando fidelidade às amizades, David tentou trocar o terreno da prefeitura por uma casa da empresa Unipar Construtora S/A, que pertence à família do amigo de David, Pauderney Avelino. Só para se ter uma ideia da disparidade dos valores, uma avaliação prévia da própria prefeitura aponta que a casa no Centro de Manaus vale R$ 187.191,07, enquanto o terreno do Parque Dez está avaliado em R$ 369.579,59.
Ou seja, o imóvel que David Almeida pretendia trocar vale quase o dobro que a casa no Centro. Já em outro estudo, a casa da Unipar chega a um valor superior a R$ 355 mil, sendo essa variação de preço apontada pela Procuradoria como “incertezas”.
Com um dos piores índices de arborização do País, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Manaus está entre as capitais menos arborizadas, com apenas 23,90% de área coberta por vegetação, mas parece que David Almeida ainda não se deu conta desses dados e já desmatou uma grande área do terreno.
O desmatamento levou a questionamentos se David Almeida estaria desmatando a área para trocar por tintas. Isso porque durante uma entrevista concedida para uma TV local, o prefeito de Manaus ao ser questionado sobre as críticas que sofreu após pintar ‘mosaicos’ na cidade com gastos avaliadas em cerca de R$ 100 milhões, ele afirmou que não pagou pelas tintas e que houve “medidas compensatórias”.
“A tinta que falam é sobre todas as tintas usadas pela prefeitura, uma mentira tão grande que conseguem enganar muitos. Essas tintas são de medidas compensatórias, nós pedimos que ao invés de chegar como recurso chegasse como tinta para melhorar o visual da cidade. Dessas tintas nós só gastamos 4 milhões de reais” explicou.
A jornalista pediu para que David explicasse com clareza o que seria uma medida compensatória e o então gestor deu uma explicação bem curiosa.
“A gente faz a poda das árvores, pega aqueles troncos, leva para a Secretaria, enche o caminhão e troca por exemplo lá com as indústrias oleiras do Iranduba [município a 27 quilômetros a sudoeste de Manaus], a gente troca por cimento, por tinta e troca também por tijolo para recuperar as praças. Quando alguém faz um empreendimento que vai causar um impacto ambiental, você precisa pagar por esse impacto, e essa troca chama-se medida compensatória”
A Prefeitura de Manaus ainda não informou sobre a finalidade de ação. Solicitamos nota sobre o desmatamento e ainda não obtivemos resposta.