Vivemos uma era de alta exigência no campeonato de pontos corridos. Para ser competitivo, o elenco precisa ter, no mínimo, qualidade técnica e muita saúde física para aguentar a maratona de jogos do nosso calendário. Para quem quer ser campeão precisa, além desses dois fatores, ter um ótimo treinador e a convicção de uma gestão que insista no projeto ao longo de temporadas.
O Fortaleza de Vojvoda faz tudo isso acontecer sem ser um dos clubes que mais investe do país e, ainda por cima, é o clube que mais jogos disputou na temporada: 56 até agora.
No ano passado, já tinha sido o clube com mais número de jogos, tendo jogado 78 partidas. Agora, assume a liderança com um jogo a menos que os rivais e mostrando força para se manter na briga.
O Fortaleza torna real conceitos profissionais na hora de planejar futebol. Sem ter uma fonte que jorra grana para contratar, entendeu que precisa ser assertivo nas decisões que toma na gestão. Mapeamento de mercado, escolha de jogadores com o físico saudável – justamente para aguentar a quantidade enorme de jogos e o futebol ágil praticado pelo treinador – foram determinantes para o Fortaleza competir entre gigantes.
Mas o que faz o Laion poder de fato desejar títulos nas suas competições é exatamente a convicção e continuidade no projeto que ele mesmo vem desenvolvendo. Esse projeto envolve escolha do modelo de jogo, continuidade do treinador e montagem de um elenco equilibrado entre titulares e reservas.
Quando não se tem tanto dinheiro à disposição, mais ainda é preciso confiar em análises precisas para tomar a melhor decisão. E o principal: não abandonar esse plano quando as coisas não saem da maneira que se imaginou.
O Laion colhe frutos por ter sido um clube que compreendeu que não existe mágica na hora de planejar o futebol. Que cada vez há menos espaço para fanfarronices: é preciso trabalhar sério. Que para andar no ritmo de quem tem receitas bilionárias só suando demais a camisa. E esse é um Fortaleza que corre muito, dentro e fora de campo, mesmo jogando mais partidas que todo o resto.
Já falamos por aqui que nada no futebol dá a certeza de taça, nem mesmo um trabalho tão bem feito. Mas o Fortaleza tem sido competitivo em todas as competições que entra, há três temporadas. Estar brigando de igual pra igual com os melhores e mais ricos já não é um belo resultado? Tem times tradicionalíssimos batendo cabeça para meramente se organizarem como instituição. É essa competitividade, ao longo de temporadas, que torna, ao meu ver, um clube forte e respeitado no cenário nacional e sul-americano.