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Caso Lázaro: entenda fuga de serial killer que mobiliza 200 policiais

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Assassinatos em série, violência sexual e tensão por ter um criminoso à solta. Essa é a realidade de terror vivida por moradores das cidades de Edilândia, Girassol e redondezas, em Goiás, Entorno do Distrito Federal. Lázaro Barbosa é o nome que tira o sono da população e mobiliza um esquema de segurança raro. Já denominado como um “serial killer”, o homem é acusado de, pelo menos, cinco homicídios nas últimas semanas, e completou oito dias de fuga nesta quarta-feira (16).
 
São 200 policiais, cães, helicópteros, drones e equipamentos tecnológicos de ponta sendo utilizados na busca. Forças do DF e de Goiás, com apoio Federal, atuam 24 horas por dia para encontrar Lázaro. No momento, um cerco é realizado em estradas, matas e ruas goianas, dificultado pela falta de sinal e perda de comunicação em áreas rurais. Além disso, o perfil do criminoso traçado pela polícia mostra facilidade de percorrer vegetações fechadas.

O assunto tem ganhado repercussão a cada dia que novos crimes são descobertos, suspeitas são levantadas e Lázaro continua solto. A efeito de comparação, a reportagem analisou dados do Google Trends e apurou que o nome do criminoso vem sendo mais pesquisado na internet do que a CPI que ocorre no Senado Federal, desde o dia 15, quando se completou uma semana de buscas. Além da fuga, mesmo com uma mega operação montada, também chama atenção o histórico do acusado. 

Google Trends

Quem é Lázaro

Lázaro Barbosa, 32 anos, é natural do estado da Bahia, onde também já cometeu crimes de homicídio. Segundo a Polícia Civil do local, ele assassinou duas pessoas no município de Barra do Mendes, em 2007, e chegou a ser preso após se entregar na delegacia. Porém, dias depois de confessar a autoria das mortes e ser encarcerado, ele fugiu da penitenciária. 
 
“Ele conseguiu fugir cerca de dez dias depois, sendo considerado foragido desde então. O inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça. Não dispomos de informações relacionadas ao crime”, informou a Polícia Civil da Bahia, em nota. Em 2009, ele foi preso novamente, mas em Brasília, por suspeita de roubo, estupro e porte ilegal de arma de fogo.
 
Uma precisa linha do tempo ainda está sendo traçada por diferentes investigadores, mas os casos que motivaram a operação em andamento começaram, ao que tudo indica, em abril. Ele é o apontado como autor de um roubo seguido de estupro, em Sol Nascente, Região Administrativa da periferia do Distrito Federal. Nos meses seguintes, Lázaro ainda fez uma família refém na mesma cidade e cometeu um dos crimes mais bárbaros, o assassinato de um casal e dois filhos, no Incra 9, em Ceilândia (DF).

Confrontos

A polícia colhe relatos de pessoas que dizem ter se deparado com o criminoso e vítimas que relatam histórias semelhantes, de que ele havia invadido casas e obrigado moradores a cozinharem para ele. Lázaro ainda demonstra frieza em roubos, incêndios e fugas com reféns. Pelo menos um carro e uma casa foram incendiados por ele durante os últimos dias.
 
No último sábado, Lázaro entrou na fazenda da família de um soldado da Polícia Militar do DF e manteve refém o caseiro. Lá ele consumiu bebida alcoólica, destruiu objetos da parte de dentro da propriedade, fumou maconha e obrigou o homem a usar a droga. De acordo com a PMDF, houve um confronto nesse dia.
“Nosso soldado voltou para a propriedade, no início da noite. Chegou até a cancela e, provavelmente, quando foi abrir, o homem fugiu e levou o caseiro de refém. O criminoso foi para a fazenda ao lado, cerca de 700 metros, e baleou três homens. Havia uma senhora e uma criança no local. As testemunhas disseram que o criminoso ia colocar fogo na casa, mas não o fez por conta da mulher e da criança”, diz a nota.
 
Ainda segundo a corporação, uma equipe de policiais militares de Goiás foi ao local e tentou abordá-lo, mas acabou sendo recebida a disparos de arma de fogo. “Houve a reação com 15 disparos na direção da Rotam e uma fuga para dentro da mata próxima. O criminoso está com um revólver calibre 32, além de outras armas e munições, furtadas das fazendas”.
 
No começo desta semana, ele foi visto por policiais na BR-070, com um carro furtado, mas abandonou o veículo e fugiu novamente. As últimas aparições de Lázaro foram em Cocalzinho de Goiás, no Entorno do DF. Na região, ele trocou tiros com um caseiro, na noite de segunda-feira, e com um sargento da Polícia Militar, na tarde de terça-feira. 
 
O PM foi baleado de raspão, segundo a corporação. A Secretaria de Segurança Pública de Goiás emitiu nota, nesta quarta-feira, informando que “o policial atingido por um tiro de raspão durante a operação de captura a Lázaro Barbosa Sousa, em Edilândia, povoado de Cocalzinho de Goiás, recebeu alta hospitalar”.  

Medo

A reportagem conversou com moradores de regiões por onde Lázaro passou e ouviu que “o clima é de medo”. Uma moradora do Incra 9, que não quis se identificar, relatou que teve que sair do lote. Ela era vizinha de Cláudio Vidal de Oliveira, 48, uma das vítimas do assassinato de uma família de quatro pessoas. 
 
“A gente se sente indignado. Estamos expostos à violência. Se a polícia não consegue pegar ele, qual a garantia que nós temos da família voltar para onde mora, que não vai acontecer a mesma coisa, ou coisa pior? A família está inconsolável. Ali, todo mundo, na família que morreu, era trabalhador. Os filhos trabalhavam junto com pai e mãe. Então, é uma situação que a gente não tem mais garantia de nada”, desabafa.

Acuado e mais perigoso

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, o secretário de Estado da Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, afirmou que a operação não acaba enquanto Lázaro não for pego, mas ressaltou que o momento atual é delicado devido às circunstâncias do criminoso.
 
“Ele está com mais dificuldade ainda para conseguir alimento. Ele geralmente sai da mata atrás de comida, atrás de alimentação. É uma área muito grande, ele conhece muito bem, é mateiro, já falei isso várias vezes. Mas está cansado e acuado. Cansado e acuado ele fica mais perigoso, mas fica mais suscetível à nossa chegada. Ontem nós ficamos muito perto dele. Hoje nós vamos pegar”, declarou.
 
A suspeita das forças policiais é de que o criminoso não se movimentou na última madrugada, mas saiu do perímetro em que estava se escondendo pela manhã. A inteligência da operação optou por deixar agentes e militares especializados no local, como o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PMDF, representando a capital. A Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal também participam das buscas.
 
Rodney avaliou que “todo mundo que a gente precisa” está atuando na caça. “A nossa inteligência tem funcionado, com todas as dificuldades. Nós temos muita dificuldade de comunicação aqui. Hoje, a gente conseguiu um apoio do Exército para rádios que funcionam em frequências dentro da mata. Enfim, a gente está avançando a cada dia”, relatou.
 
O secretário informou que visitou todas as propriedades da região onde Lázaro pode estar e passou uma recomendação de retirada a quem pode sair dos lotes. “Passamos uma orientação. Aqueles que não precisam pernoitar nas propriedades ou ficar o dia todo nas propriedades, [pedimos para que] se retirem. Aqueles que precisam, a gente está tentando manter a polícia o mais próximo possível”.

“Corrida macabra contra o tempo”

Para especialistas, cada dia passado sem a captura de Lázaro representa um perigo a mais. Leonardo Sant’anna, especialista em segurança pública, afirma que “nós estamos no meio de uma corrida macabra contra o tempo”. Ele explica que o nível de desequilíbrio a agressividade do procurado, observado na forma como são realizadas as ações criminosas, são elementos que reforçam a necessidade de fechar o cerco contra o homem.
 
“A ideia é que ele seja capturado vivo. E, nesse caso, nós estamos tratando de uma operação que envolve dois tipos diferentes de técnicas, busca e resgate, conhecida internacionalmente como ‘SAR’, e uma ação policial. A primeira, além de pessoas experientes, necessita também de equipamentos diferenciados, normalmente em pouca quantidade nas instituições policiais, já que não se tem uma cultura de investimento governamental nesse sentido”, cita.
 
Leonardo exemplifica o uso de tecnologias como câmeras que captam a temperatura de quem esteja no solo e podem ser usadas para buscas noturnas. “Existe a necessidade dessas ferramentas especiais também. No segundo caso, das operações policiais, o nível de dificuldade se torna muito maior por entrar na captura de alguém que supostamente está armado, alguém de bastante agressividade, que promove medo e violência por onde passa. Os policiais têm que fazer entrevistas mais minuciosas em todas as casas que passam, e buscar coletar evidências que indiquem o caminho por onde possa ter passado esse agressor social”. 

Governadores

Os governadores de Goiás e do Distrito Federal já se pronunciaram publicamente sobre o caso. Na capital da República, Ibaneis Rocha (MDB) disse que a caçada “impressiona muito”, mas que espera que ele seja preso o mais rápido possível, “para que a gente possa tranquilizar as famílias daquela região e dar a punição devida a esse marginal que vem causando tanto mal e que vem fazendo a polícia do Distrito Federal e do Goiás quase como de bobas”. Ronaldo Caiado (DEM) também manifestou preocupação, avaliando Lázaro como um “facínora”, que age com requintes de crueldade. 

Fonte: Brasil 61


 

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