POR FRED MELO:
As convenções deste fim de semana definiram as chapas que irão disputar a Prefeitura de Manaus em 2024. Pela grandiosidade de cada uma, podemos deduzir, em primeira análise, quem chega com força e oxigênio para vencer a primeira fase e figurar entre os dois finalistas desta verdadeira guerra.
A chapa de David Almeida estava definida há muito tempo, mas o prefeito, sempre naquele estilo “embromador”, no melhor padrão Rolando Lero, foi empurrando a comunicação oficial até o último momento. Renato Junior sempre foi o escolhido e o seu preferido. Assim como Tadeu de Souza, que David estrategicamente colocou como vice de Wilson Lima, o ex-secretário de infraestrutura é seu homem da mais absoluta confiança. A escolha não poderia ser outra, apesar de alguns incautos ainda pensarem diferente.
A grande incógnita que fica é o argumento que David usou para convencer Omar Aziz e Eduardo Braga a ficarem no seu palanque e serem, ambos, seus principais aliados nesta empreitada. O prefeito já até declarou, em tom ameaçador, que caso não se reeleja, será candidato ao Senado ou a governador. É um soberbo.
Roberto Cidade fez uma convenção apoteótica. A Arena da Amadeu Teixeira ficou pequena para tanta gente que esteve prestigiando o lançamento oficial da chapa que conta com a presença de um vice explosivo, polêmico e muito popular entre a direita em Manaus: Coronel Menezes.
O candidato do União Brasil terá a máquina do governo trabalhando para levar seu nome ao segundo turno, contará com um exército de candidatos a vereadores pedindo voto para ele e também terá a maioria absoluta dos deputados estaduais trabalhando incansavelmente pelo seu nome. Contará com tempo de TV, fundo partidário e o empenho pessoal do governador Wilson Lima. Essa chapa, podemos afirmar que possui dois candidatos, porque Menezes em campanha é especialista em gastar a “sola do coturno” e criar fatos midiáticos.
Amom Mandel e Nancy Segadilha é uma chapa que foge do convencional. Inovador e menino-prodígio da política amazonense, o deputado federal faz uma campanha de desenho animado. O público infantil e os jovens têm aprovado como ele se apresenta, mas os adultos ainda resistem, preferem saber como ele vai conseguir resolver os complexos problemas de Manaus com suas ideias dissonantes da realidade. O marketing de Amom tem duas alternativas: será um grande sucesso ou um fracasso retumbante. Trata-se de uma aposta de nível máximo.
Outro fato que pesa muito na sua imagem é o gabinete compartilhado em Brasília com várias figuras da esquerda. Ele precisará convencer um eleitorado de direita predominante em Manaus de que isso é mera coincidência. O fato é que Amom chegou muito forte até aqui. A dúvida é saber se vai conseguir se manter, porque agora apenas os adultos ficarão na sala.
Alberto Neto e Maria do Carmo fazem uma única aposta: ter o apoio de Bolsonaro. A direita está longe de ver o candidato escolhido pelo PL como aquele que de fato a representa em Manaus. O estilo de “bom menino”, sempre educado, cabelo bem penteado, mas com uma retumbante falta de contundência no discurso e críticas ao atual mandatário de Manaus afastam Alberto Neto desse público que gosta do embate, do aguerrimento e do espírito combativo e até beligerante.
O que falta em Alberto Neto sobra em Menezes, que é o preferido da direita e representa o espírito de gladiador que todos querem ver na arena. Não será fácil desconstruir uma imagem consolidada para construir outra em tão pouco tempo. A direita, neste aspecto, está dividida, e minha aposta é que Menezes carregará com ele a grande maioria. Ele tem o recall de 2022 e a identificação com Bolsonaro.
Marcelo Ramos e Luis Castro são os francos atiradores e representam a esquerda em Manaus. Não se sabe o que conseguirão fazer ou produzir, mas a missão maior é mostrar que Lula foi bom para o Amazonas e tentar conquistar uma parte deste eleitorado, bem como tirar a sombra da esquerda que pairava sobre David Almeida, candidato dos senadores Omar Aziz e Eduardo Braga, os maiores representantes do lulismo em Manaus.
Recebi esse comentário de um amigo querido, Carlito de Carli, com quem sempre converso sobre política e vou colocá-lo aqui entre aspas: “Uma coisa é certa. Enquanto muitos se pautam nas pesquisas quantitativas e/ou qualitativas, a realidade eleitoral é transmitida em outro plano. Não existe retrato do futuro; e os verdadeiros políticos deveriam saber bem disso.
Eleição se ganha durante a campanha. É certo também que se perde muito antes dela, quando o legado deixa a desejar. Frases erradas faladas em momentos inadequados. O que isso quer dizer? Que a eleição em Manaus está aberta.
Ganhará quem errar menos. Será preciso dosar os venenos, calcular os antídotos e maximizar o foco no eleitor. A certeza que as atuais pesquisas gritam é o percentual de votos indecisos colado em candidatos ou pré-candidatos. Nada mais que isso.”
Adiro integralmente.