Nos dias de hoje é quase impossível imaginar uma campanha sem pensar na abrangência e peso que as redes sociais exercem sobres os eleitores. Por meio do Facebook, Instagram e Twitter, os candidatos podem divulgar suas propostas, gerar envolvimento com seus eleitores e, principalmente, acompanhar seus adversários.
Para o especialista em Direito Eleitoral e Conselheiro da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas), Marcos Salum, é preciso entender a força das redes sociais no pleito de 2022. “A tecnologia é um caminho sem volta e. além de tornar as campanhas mais baratas, sem sombra de dúvidas, proporciona maior amplitude das propostas, o que potencializa as possibilidades de votos”, afirma
Para Salum, os candidatos que ignoram a importância dessa ferramenta já estão em desvantagem no próximo pleito e, tendo em vista a importância das redes, a própria legislação eleitoral tratou de evoluir no que diz respeito à regulamentação do uso de meios virtuais nas campanhas.
Sobre a tendência das eleições, o especialista comentou que as disputas majoritárias terão um alinhamento, que pode ser favorável ou não, aos direcionamentos vindos de disputa presidencial, o que ditará o ritmo das demais campanhas.
Políticas públicas
Já nas campanhas proporcionais, Salum acredita que além de termos candidatos alinhados com as diretrizes nacionais, também teremos os que irão tentar se desvencilhar da disputa pautada por questões ideológicas, com discursos mais embasados em propostas de políticas públicas.
“O fato é que em quaisquer dos cenários, ainda teremos reflexos dos principais grupos políticos nacionais, o que tornará a disputa bastante acirrada”, afirmou.
O advogado, professor e cientista político Helso do Carmo, tem um ponto de vista compatível com a opinião do especialista. Segundo Helso, “as redes sociais vieram para ficar” e tomaram conta do cenário político.
Um exemplo citado pelo cientista foi o presidente da República, Jair Bolsonaro, que desde sempre apostou nas redes sociais, com lives no Facebook e usando o Twitter como ponte para seus apoiadores.
Sobre as tônicas para o ano de 2022, Helso acredita que existirá uma forte rejeição do público com as lideranças antigas que se colocam como possíveis candidatos, mas que também ocorrerá uma aversão aos candidatos que procuram passar a ideia do “novo e diferente”, mostrando ser uma espécie de oposição à velha política.
Segundo o cientista, esse perfil de candidato terá uma má aceitação devido à visão ruim que os novos candidatos e agora já eleitos deixaram devido à uma má gestão.
Fake News
Com inúmeras iniciativas tomadas por poderes de esferas estadual e federal, o país segue evoluindo no que diz respeito a reprimir a disseminação de notícias falsas, as famosas Fake News, que ganharam força há alguns anos.
Assim como as Fake News estão fortes em toda a internet, nas campanhas eleitorais não foi diferente. Em eleições mais recentes vimos, inclusive, candidatos que usaram da própria desinformação para confundir o público e atacar seus adversários, o que gerou uma enorme polarização política nas redes sociais.
A Lei 13.834 de 2019, que tem como finalidade tipificar o crime de denunciação caluniosa com finalidade eleitoral, e a PL 2630/2020, que institui a Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade Transparência na Internet, têm como missão responsabilizar aqueles que insistem em publicar informações falsas.
Para Marcos Salum, as Fake News estão longe de acabar já que as mensagens falsas são disseminadas com muito mais facilidade e que as punições para quem pratica esse tipo de crime não são aplicadas na mesma proporção e rapidez, o que torna vantajoso o risco aos transgressores.
O especialista também acredita que os próprios eleitores irão cobrar dos candidatos uma garantia de integridade nas disputas, considerando que a população busca propostas que serão mais vantajosas para a sociedade como um todo.
Marcos Salum também afirmou que a imprensa e as agências de checagem possuem um papel fundamental, já que mantém o compromisso de transmitir a realidade dos fatos.