Manaus/AM – Com a chegada do inverno amazônico, chega com ele o período de infecções por dengue e uma das principais formas de combater a doença é evitando a proliferação do mosquito em água parada. Acontece que, com o fim do Carnaval, dezenas de alegorias das escolas de samba que desfilaram no sambódromo foram abandonadas e têm se tornado um verdadeiro “berçário” do Aedes aegypti.
Quem transita pela Avenida do Samba, no bairro Dom Pedro, zona Centro-Sul de Manaus, encontra as alegorias ao “léu”, sem proteção alguma. “É uma tristeza pois tem muito dinheiro investido das escolas de samba. Nada é aproveitado. O isopor fica destruído, a estrutura de ferro fica enferrujada. É um desperdício que traz riscos”, disse uma fonte que atua em um dos barracões das proximidades e que preferiu não ter o nome divulgado.
De acordo com a infectologista Maria Alice, da Hapvida Notredame Intermédica, a dengue é uma doença que merece atenção.
“A dengue inicia geralmente com uma febre aguda alta de início súbito, acima de 39 graus, que dura em média de 2 a 7 dias, associada a dor de cabeça, dores articular, dores atrás dos olhos e ainda manchas e erupções pelo corpo que podem ou não estar associado com coceira pelo corpo”,
disse.
Além da dengue, o Aedes aegypti também transmite a febre amarela urbana. O macho, como de qualquer espécie, alimenta-se exclusivamente de frutas. A fêmea, no entanto, necessita de sangue para o amaduremento dos ovos que são depositados separadamente nas paredes internas dos objetos, próximos a superfícies de água limpa, local que lhes oferece melhores condições de sobrevivência. No momento da postura são brancos, mas logo se tornam negros e brilhantes.
Em média, cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença.
Mosquito possui listras brancas em partes do corpo. Foto: Divulgação
Os ovos não são postos na água, e sim milímetros acima de sua superfície, principalmente em recipientes artificiais. Quando chove, o nível da água sobe, entra em contato com os ovos que eclodem em pouco menos de 30 minutos. Em um período que varia entre sete e nove dias, a larva passa por quatro fases até dar origem a um novo mosquito: ovo, larva, pupa e adulto.
Casos
Somente no primeiro mês deste ano, no período de 1º a 25 de janeiro, o Amazonas registrou 3.934 casos da doença, ou seja, um aumento de 38% em comparação ao mês inteiro de janeiro de 2023, quando o estado confirmou 2.860 casos da doença. Os dados são da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
Respostas
Em nota, a Prefeitura de Manaus, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) informou apenas que a sua participação no Carnaval de Manaus, se dá pelo fomento às Escolas de Samba, através de chamamento público e que a responsável sobre o assunto seria a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa é responsável pelo sambódromo. A Manauscult não tem gerência, nesse caso.
Já o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, informou que notificou as Escolas de Samba, por meio de ofício datado do dia 2 de fevereiro, acerca da necessidade de providências quanto à não utilização da área da Concentração ou entorno do Sambódromo para guarda dos carros alegóricos, após a realização do desfile de cada agremiação, tendo como prazo limite para realização da retirada dos mesmos o dia 11 de fevereiro de 2024 (domingo).
“A Secretaria de Cultura e Economia informa que reforçará a orientação junto às agremiações carnavalescas para que a retirada das alegorias, atribuição das Escolas de Samba, seja realizada com a maior brevidade possível”, diz o comunicado.