O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta quinta-feira (18/1), que as denúncias e os processos movidos contra ele na época da Operação Lava Jato foram resultado de uma “mancomunação entre juízes e procuradores desse país”.
A fala ocorreu durante participação do petista no evento de retomada dos investimentos na refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Ipojuca (PE). As obras acabaram paralisadas em 2015 em meio a denúncias de corrupção reveladas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal, em gestões anteriores do PT.
“Eu vou dizer como presidente da República: tudo o que aconteceu nesse país foi uma mancomunação entre juízes desse país, alguns procuradores desse país, subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras”,
declarou Lula.
O presidente está em Pernambuco para participar da cerimônia de retomada das obras da refinaria de Abreu e Lima. Os novos investimentos no hub da Petrobras serão realizados com recursos do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A refinaria foi concebida na primeira gestão do presidente Lula, originalmente com a participação da petroleira venezuelana PDVSA, então sob o comando de Hugo Chávez, que acabou desistindo do projeto. O empreendimento, no entanto, nunca foi concluído e acabou sendo alvo de escândalos de corrupção envolvendo diretores da estatal, empreiteiras e políticos.Play Video
De acordo com o governo federal, as obras vão gerar cerca de 30 mil empregos. Em fase de contratação, a construção da refinaria tem data para finalização em 2028, quando passará a ter capacidade para processar 260 mil barris de petróleo por dia. As obras estão previstas para o segundo semestre deste ano.
“Pessoas que me acusaram estão apodrecendo”
Após dar a própria versão sobre a decisão do país vizinho de desistir da parceria, o petista defendeu que “nem deveria estar contando essas coisas” no evento.
“Já se passou muito tempo. O povo já me colocou de volta, as pessoas que me acusaram estão apodrecendo, porque sabem que mentiram. E sabem que o inferno os aguarda por tanta mentira que eles contaram. Eles sabem”, seguiu o chefe do Planalto.
Lula também citou líderes religiosos: “Os pastores que mentiram a meu respeito sabem que não estão falando em nome de uma religião séria, ou em nome de Deus. Eles sabem que estão mentindo, que Deus está vendo. Sabem que Deus sabe. Faz parte de um jogo sórdido. Talvez o pior que eu já vi”.
“Ano da colheita”
Pela manhã, Lula esteve em Salvador (BA) para evento de lançamento do Parque Tecnológico Aeroespacial na capital baiana. O presidente fez um discurso em tom político durante a primeira agenda do giro pelo país que pretende fazer ao longo do ano.
“Eu peguei um país devastado por uma praga de gafanhoto que destruiu quase tudo que a gente tinha feito em 13 anos de governo”, afirmou. Na sequência, o petista criticou a extinção de ministérios, como o da Cultura, na gestão passada, e outras ações adotadas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a privatização da Eletrobras.
“Este ano é da colheita. No ano passado nós plantamos, nós pegamos um país quase destruído, com milhares de obras paralisadas, de creches a universidades, de creches a escolas, de UBS a hospitais. Tudo teimosamente paralisado, porque não fazia parte da lógica do governo passado fazer com que esse país crescesse”, prosseguiu o presidente.
Outras agendas
Na sexta-feira (19/1), o presidente participará da cerimônia de troca do Comando Militar do Nordeste, em Recife (PE). A outra agenda será o lançamento do campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Fortaleza (CE).
O giro de Lula pelo Nordeste vai de encontro a uma promessa feita a ministros, em novembro de 2023, que irá se dedicar neste novo ano ao trabalho interno e mais viagens nacionais.
Em ano de eleições municipais, o presidente poderá utilizar os compromissos em diversos estados para firmar colaborações entre partidos e falar com eleitorados mais diversos.
Além de fiscalizar e dar encaminhamento a obras paradas, o presidente deverá aproveitar as viagens para se aproximar tanto de agentes políticos quanto dos eleitores, em ano de pleito municipal.