SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A saúde voltou a ser líder isolada do ranking de preocupações dos brasileiros entre as áreas que são consideradas sob responsabilidade do governo federal. O setor é o principal problema do país para 23% dos eleitores.
Foi o que aferiu o Datafolha em sua nova pesquisa sobre o tema, realizada na terça passada (5). O instituto ouviu 2.004 pessoas em 135 cidades, e o levantamento tem uma margem de erro de dois pontos para mais ou menos.
Em setembro, diziam estar mais preocupados com a saúde 17% dos entrevistados. O índice subiu agora seis pontos percentuais, descolando-se da segurança pública, que tinha os mesmos 17% há três meses e agora registra 10% de menções como problema principal.
Agora, a educação, que oscilou de 11% para 10%, empata com a violência na listagem.
Paradoxalmente o governo não pode comemorar muito a queda acentuada da preocupação com a segurança como obra sua o Ministério da Justiça, do agora ministro indicado ao Supremo Flávio Dino, é o responsável pelo setor na área federal.
Segundo o Datafolha, 50% avaliam como ruim e péssima a gestão Lula (PT) na segurança, ante 29% que consideram regular e 20%, ótima ou boa. Na mesma altura do governo de Jair Bolsonaro (PL), em 2019, 27% aprovavam o trabalho do Planalto no setor.
Outros temas que preocupam o brasileiro são a corrupção (8%), a fome/miséria (7%), o desemprego (7%), a economia (6%) e a gestão do governo (4%). Empatados em 2% estão políticas públicas, área social, e inflação, com o meio ambiente marcando 1%.
Há bastante homogeneidade de opinião nos estratos socioeconômicos, com uma exceção notável na educação, que é a principal preocupação entre os mais ricos (23% dos que ganham mais de 10 salários mínimos) e instruídos (16% de quem tem diploma de curso superior). O Brasil patina na área, como mostrou o mais recente exame internacional Pisa.
Historicamente, a saúde é um foco de preocupações do brasileiro, tendo liderado o ranking do Datafolha durante todo o governo Bolsonaro.
Ali, a pandemia da Covid-19, que deixou até aqui mais de 707 mil mortos, exacerbou as percepções: em dezembro de 2020, no auge da crise, 30% apontavam o setor como prioritário.
O trabalho do governo Lula na saúde não é bem avaliado, mesmo tendo anulado o negacionismo científico que marcou a turbulenta era Bolsonaro no setor. Para 49%, ele é ruim ou péssimo, ante 31% que o consideram regular e 20%, ótimo ou bom. Neste mesmo momento do mandato, o antecessor marcava 15% de aprovação no setor.
O cenário mostrado pelo Datafolha não é muito confortável para o governo Lula em termos de avaliação dos 14 setores considerados obrigações federais, mas o Planalto pode celebrar que em 11 deles a aprovação é maior do que a registrada pelo antecessor e rival político em dezembro de 2019.
O petista é reprovado em uma área em que se costuma se orgulhar de suas iniciativas: o combate à fome e à miséria. Dos ouvidos, 40% acham que o trabalho é ruim ou péssimo, 31%, regular, e 28%, ótimo ou bom.
Já seus números sobre o combate à corrupção serão combustível para seus adversários, que costumam associar as gestões petistas a malfeitos, como os escândalos do mensalão e do petrolão. Aprovam o trabalho do governo Lula na área só 15%, ante 23% que dizem achá-lo regular e 59%, que o reprovam.
Os melhores desempenhos do governo surgem em áreas que eram relegadas ao segundo plano sob Bolsonaro. Esporte, mesmo com o loteamento da pasta da área para o centrão, tem 42% de menções positivas. Cultura, cujo ministério foi recriado, 43%, e turismo marca 42% de ótimo/bom.
Em duas áreas, o petista perdeu aprovação ante o Bolsonaro de dezembro de 2019: os 27% que aprovavam o antecessor na segurança pública e o combate à corrupção (29%). Na crucial área da economia, eles empatam (Lula com 24% de aprovação, Bolsonaro, com 25%).