O Primeiro Comando da Capital (PCC) fez um levantamento dos endereços residenciais dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para realizar uma “missão”.
A Polícia Federal (PF) descobriu a movimentação do PCC durante a investigação de um plano para sequestrar o senador Sergio Moro (União-PR). O órgão encontrou mensagens do grupo criminoso depois da quebra de sigilo.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o relatório do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) reúne imagens aéreas das residências oficiais de Lira e Pacheco, com comentários dos integrantes do PCC, capturadas a partir de um material da Folha, em 29 de novembro de 2022. O órgão ainda investiga os detalhes de qual era a missão pretendida pela organização criminosa.
Além de levantar a localização das residências oficiais de Lira e Pacheco, o PCC também enviou integrantes da célula Restrita, espécie de grupo de elite da facção, para Brasília. Os integrantes deste grupo seriam responsáveis pela missão.
Ainda segundo o relatório do MP-SP, houve uma pesquisa do site Trovit sobre imóveis para compra na Península dos Ministros, no Lago Sul — região de Brasília onde se localizam as residências dos chefes do Legislativo.
Com todos os indicativos, o MP-SP entende que houve uma possível orientação do PCC para que a célula Restrita fizesse esses levantamentos das autoridades da República.
Em maio, Janeferson Gomes, o Nefo, apontado como chefe da célula Restrita, teria ordenado a missão. No caso, a operação criminosa teria começado dois meses depois do plano que mirou o ex-juiz da Lava Jato.
Os gastos do PCC com a missão que levantou os endereços dos parlamentares
O MP-SP possui anotações sobre a prestação de contas feita pelo PCC em Presidente Prudente. Os dados mostram que, em maio, junho e julho de 2023, a célula criada para a “missão em Brasília” teve despesas de R$ 2,5 mil por mês com o aluguel na capital federal.
O imóvel, sem localização detalhada, seria a base de apoio para os integrantes da organização criminosa.
Há, também, registros de gasto com transporte. Os integrantes utilizaram o serviço da Uber por 15 dias para encontrar o “terreno para compra”.
Com base nas anotações, o MP afirma que, em dois meses, a célula gastou cerca de R$ 44 mil para a compra de “aparelhos celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação, hospedagem, mobília do imóvel, compra de eletroeletrônicos, etc”.
O documento também denuncia que o dinheiro gasto pelo PCC teve como origem o fornecimento da FM Baixada, célula que gerencia os pontos de venda de droga da organização criminosa no litoral paulista e no Vale do Paraíba.
A justificativa da missão do PCC, diz o MP, seria a proibição de visitas íntimas nos presídios federais, que já ocorre há anos, onde está detida a maioria de suas lideranças.