O ditador Nicolás Maduro pediu a prisão de 14 líderes opositores por suposta sabotagem no referendo sobre a anexação da Guiana. A Procuradoria-Geral da Venezuela anunciou, nesta quarta-feira, 6, o mandado que acusa os políticos de “crimes de traição”. O referendo ocorreu no domingo 3.
A consulta à população da Venezuela dizia respeito à anexação do Essequibo — um território rico em petróleo controlado pela Guiana e disputado por Caracas.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, comunicou o indiciamento a Juan Guaidó, a Leopoldo López e a Lester Toledo, responsáveis por fundar o partido Vontade Popular. Os três políticos encontram-se em exílio.
Saab, um nome próximo de Nicolás Maduro, acusou os opositores de “conspiração internacional” em cima de uma “luta nacionalista” sobre o referendo que busca anexar a região de Essequibo. Contudo, o procurador não apresentou provas no comunicado, transmitido pela televisão da Venezuela.
Segundo Saab, os acusados receberiam financiamento da ExxonMobil, a empresa norte-americana do setor petrolífero que descobriu centenas de milhares de barris de petróleo bruto no Essequibo, em 2015. Esse fato transformou a economia da Guiana, que atingiu em 2022 um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 15 bilhões.
Também houve a emissão de um mandado de prisão contra o coordenador da organização Vente Venezuela, Henry Alviarez Alviarez; contra a coordenadora de comunicações do partido, Claudia Macero; e contra o coordenador internacional Pedro Urruchurtu, um dos organizadores das eleições primárias da oposição, em 22 de outubro.
A acusação supõe que os opositores fariam parte de uma “conspiração com uma potência estrangeira para prejudicar o Estado”. Todos são membros da equipe de campanha da líder da oposição María Corina Machado.
Entre outros venezuelanos, Saab também indiciou o norte-americano Savoi Jadon Wright, preso em 24 de outubro durante sua visita à Venezuela.
Oposição critica Maduro
Em um comunicado à imprensa, a candidata presidencial María Corina Machado disse que Nicolás Maduro age dessa forma por medo de uma possível derrota nas eleições em 2024.
“É um regime desesperado que sabe que foi derrotado”, afirmou María. “Se eles pensam que com isso vão criar medo, desânimo, desmoralização ou desmobilização, é exatamente o contrário.”
O Ministério Público da Venezuela anunciou o mandado de prisão depois que Maduro elaborou uma lei para a criação da Guiana Essequiba, um Estado venezuelano na região disputada com a Guiana.