O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), é evangélico, já se declarou conservador, mas seus principais aliados, os senadores Omar Aziz (PSD) e Eduardo Braga (MDB), com influência em Brasília, são todos de esquerda e ele ainda refere-se ao presidente Lula como “estadista”.

Antes de iniciar sua campanha à reeleição, em 2024, David Almeida terá uma questão de natureza ideológica para resolver, mas, ele tem postergado ao máximo possível a sua decisão apenas para evitar um desgate que será inevitável ao escolher o seu novo partido, que tudo indica, deverá ser o Partido Liberal (PL).

Apesar de dizer publicamente que vai ficar no Avante, onde está desde 2019, nas internas ele admite que irá trocar de legenda e afirma que já tem o controle do PL no Amazonas de Alfredo Nascimento e do deputado federal Capitão Alberto Neto.

Mas, desta vez sua troca de partido não será tão simples, como foi das outras cinco vezes anteriores.

O PL de Valdemar Costa Neto, Alfredo Nascimento, Alberto Neto está de braços abertos para recebê-lo, mas o coronel Alfredo Menezes o repele com veemência e o presidente Bolsonaro não deu nenhum sinal de que é simpático com essa ideia. Pelo contrário, o vazamento dessa informação provocou um racha interno praticamente irreversível dentro do partido no Amazonas.

David afirmou que “sou cristão, sou evangélico, sou conservador, sou de uma igreja tradicional, sou praticante e não entro em igreja somente em época de eleição”, embora esteja longe de ser uma unanimidade entre os evangélicos locais, que o veem como alguém que não cumpre os seus alinhamentos.

Até as eleições de 2022, David Almeida fazia questão de deixar explícita sua distância da esquerda, do PT e de Lula, sobretudo no segundo turno das eleições de 2022. Na época, Bolsonaro ainda disputava com Lula à presidência e ele viu a grande votação que ele e Menezes tiveram na capital no primeiro turno.

As palavras de David Almeida não fossem bem traduzidas na prática, ele apoiou a reeleição de Omar Aziz, propôs o título de cidadão para o ministro Alexandre de Moraes e ainda afirmou publicamente que o governo de Bolsonaro era de burros.

O atual prefeito sabe que Bolsonaro continua muito forte, a direita e o bolsonarismo podem triunfar em Manaus, e ele quer, indo para o PL, anular Menezes e tirá-lo das eleições de 2024 e se apresentar como uma alternativa viável da direita, Valdemar, Alfredo e Alberto Neto já embarcaram nessa ideia.

Bolsonaro não se reelegeu, agora está inelegível, apesar disso, a direita mantém-se intacta em Manaus, onde está mais da metade do colégio eleitoral do estado e ele, David, sabe o perigo de uma candidatura de Menezes com o apoio declarado do ex-presidente.

Acontece que os principais aliados de David Almeida, por enquanto, são também do presidente Lula. O senador Omar Aziz (PSD), que goza de alto prestígio no Palácio do Planalto e o senador Eduardo Braga (MDB), que está contemplando a Prefeitura de Manaus com emendas federais. Além disso, criou uma secretaria, a de Habitação, na gestão municipal e indicou um aliado para exercer a função de secretário.

O governador Wilson Lima (União) que poderia ser um aliado de primeira hora, aguarda apenas o momento certo para romper e declarar publicamente o seu rompimento com o prefeito de Manaus. O núcleo próximo do governador não o suporta e não o perdoa pelo seu comportamento arrogante e prepotente durante as eleições de 2022.

A janela do troca-troca de partido se abrirá somente em março, até lá David Almeida quer ir postergando as suas decisões partidárias, mas, comenta-se nos bastidores que alguém será traído diante das suas definições, porque ele está fazendo a mesma promessa para várias figuras do seu arco de apoio politico.

Em breve saberemos a cor do prefeito, mas,
certamente ele não conseguirá formar o seu desejado arco-íris.