As Forças Armadas de Israel ordenaram aos civis da Cidade de Gaza que deixem suas casas em direção ao sul em até 24 horas.
Segundo o comunicado, enviado pouco antes da meia-noite no horário local, a evacuação é para a própria segurança dos moradores, que só poderão retornar “quando for feito outro anúncio permitindo isso”.
“Os terroristas do Hamas estão escondidos na Cidade de Gaza dentro de túneis debaixo de casas e dentro de edifícios habitados por civis inocentes de Gaza”, acrescentou o comunicado.
O exército israelense concluiu dizendo que continuará a “operar significativamente” na Cidade de Gaza nos próximos dias.
Ao menos 677 mil pessoas moram na Cidade de Gaza.
Após o comunicado do exército israelense, a ONU afirmou ter transferido seu centro de operações para o sul de Gaza.
Na quinta-feira (12), o porta-voz do Exército israelense, Rony Kaplan, afirmou que as forças de defesa têm 35 batalhões no sul do país, prontos para entrar na faixa de Gaza “se o governo assim decidir”.
A possível incursão em Gaza é mais um movimento de Israel em retaliação aos ataques cometidos pelos terroristas do Hamas no último sábado (7). Desde segunda, o governo israelense cortou água, luz e a entrada de comida no enclave até que os terroristas libertem cerca de 150 reféns.
Como Crusoé já publicou, a ação terrestre contra o Hamas tem sido evitada ao máximo, por expor a vida dos soldados israelenses. Na última vez em que isso aconteceu, em 2014, morreram 67 militares e seis civis de Israel e mais de 2.000 palestinos.
ONU pede que qualquer ordem de ataque seja rescindida
Campo de refugiados de Jabalia, na Faixa de Gaza, após ataque israelense — Foto: Mohammed Abed/AFP
O porta-voz da ONU Stephane Dujarric pediu que, se qualquer ordem de ataque por Israel for confirmada, seja rescindida, “evitando o que poderia transformar o que já é uma tragédia em uma situação calamitosa“.
De acordo com o porta-voz, “as Nações Unidas consideram impossível que tal movimento ocorra sem consequências humanitárias devastadoras”, já que não haveria tempo hábil para a movimentação de todo esse contingente de pessoas.
Em comunicado, Dujarric afirmou que a ordem de deixar a parte norte de Gaza foi dada, inclusive, aos funcionários da ONU e às pessoas abrigadas nas instalações humanitárias da organização.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também apelou às autoridades israelenses, dizendo que mover as pessoas que estão em estado grave nos hospitais de Gaza, incluindo aquelas com suporte de respiração, é uma “sentença de morte”.
Dezenas de tanques de guerra estão sendo colocados por Israel na fronteira de Gaza, antes de uma invasão terrestre planejada pelas forças militares do país para combater o Hamas.
O conflito entre Israel e Palestina teve início no último sábado (7), após terroristas do grupo Hamas iniciarem um ataque sem precedentes contra o território israelense. Israel declarou guerra ao grupo terrorista, e bombardeios entre os dois lados continuam desde então.
Até o momento, são mais de 2,8 mil mortos, sendo 1.537 palestinos e 1,3 mil israelenses.
Veja a íntegra do comunicado de Israel aos habitantes da Cidade de Gaza
“As Forças de Defesa de Israel apelam que todos os cidadãos da Cidade de Gaza evacuem suas casas em direção ao sul, para sua própria segurança e proteção, e se mudem para a área sul de Wadi Gaza, como mostrado no mapa.
A organização terrorista Hamas travou uma guerra contra o Estado de Israel e a Cidade de Gaza é uma área onde operações militares acontecem. Essa evacuação é para a sua própria segurança.
Você poderá retornar para a Cidade de Gaza apenas quando outro pronunciamento permitir que isso seja feito. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel.
Os terroristas do Hamas estão escondidos na Cidade de Gaza, dentro de túneis que ficam abaixo de casas e dentro de prédios lotados de cidadãos inocentes de Gaza.
Cidadãos da Cidade de Gaza, evacue para o sul para a sua própria segurança e a segurança de seus familiares, e se distancie dos terroristas do Hamas, que estão te usando como um escudo humano.
Nos próximos dias, as Forças de Defesa de Israel continuarão com operações significativas na Cidade de Gaza, com esforços extensivos para evitar ferir civis.”
O que aconteceu até agora?
▶️ Como foi o ataque? As ações se concentraram perto da fronteira da Faixa Gaza, de onde Hamas lançou 5 mil foguetes.
- Por terra, ar e mar, com motos e parapentes, homens armados invadiram o território israelense pelo sul do país.
- Houve relatos de que os invasores atiraram em pessoas que estavam nas ruas e sequestraram dezenas de israelenses (incluindo mulheres e crianças), levados como reféns para Gaza.
▶️ Como foi a resposta de Israel? Diante da ofensiva do Hamas, o governo israelense iniciou uma retaliação e bloqueou as fronteiras da Faixa de Gaza, impedindo a entrada de alimentos, eletricidade, água e combustível.
- “Estamos em guerra e vamos ganhar”, disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, logo após o ataque.
- “O nosso inimigo pagará um preço que nunca conheceu.”
- Ainda em 7 de outubro, Israel lançou bombas em direção à Faixa de Gaza.
- O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou na segunda-feira (9) que Gaza “não receberia eletricidade, nem alimentos, nem água, nem combustível”. As fronteiras da Faixa de Gaza foram bloqueadas.
▶️ Quantas pessoas morreram? O balanço mais recente das autoridades locais indicava que mais de 2,8 mil pessoas morreram. A ONU estima que mais de 338 mil pessoas foram deslocadas em Gaza desde sábado (7).
▶️ O que é e onde fica Faixa de Gaza? É o território palestino localizado em um estreito pedaço de terra na costa oeste de Israel, na fronteira com o Egito.
- Marcado por pobreza e superpopulação, tem 2 milhões de habitantes morando em um território de 360 km².
- Para se ter uma ideia desse tamanho em comparação com cidades brasileiras, o território é um pouco maior que o da cidade de Fortaleza (312,4 km²) e menor que o de Curitiba (434,8 km²).
- Tomada por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967, e entregue aos palestinos em 2005, Gaza vive um bloqueio de bens e serviços imposto por seus vizinhos de fronteira.
▶️ Qual é o histórico do conflito na região? A disputa entre Israel e Palestina se estende há décadas e já resultou em inúmeros enfrentamentos armados e mortes.
Em sua forma moderna, remonta a 1947, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico.