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Indicação ao STF, liberação tardia para enterro do irmão e anulação de provas: as idas e vindas entre Lula e Toffoli

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Com passado recheado de aproximações e distanciamentos, ministro afirmou nesta quarta-feira que prisão de Lula foi um dos maiores 'erros judiciários da história'

Autor da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou as provas do acordo de leniência da Odebrecht, o ministro Dias Toffoli afirmou no documento que a prisão do presidente Lula (PT) foi um dos maiores “erros judiciários da história”. Entre idas e vindas, a relação do magistrado com o chefe do Executivo tem um passado de aproximações e distanciamentos.

Advogado de carreira, Dias Toffoli atuou nas campanhas presidenciais de Lula em 1998, 2002 e 2006. No primeiro mandato, entre 2003 e 2005, assumiu o cargo de subchefe da área de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, pasta que era liderada por José Dirceu. Já quando Lula se reelegeu, o presidente o indicou para o cargo de advogado-geral da União. Dois anos depois, em 2009, fez a nomeação ao STF.

Ao se tornar ministro, as decisões do magistrado começaram a não agradar o entorno do PT. Em especial, durante a Operação Lava-Jato quando passou a compor a Segunda Turma da Corte e julgar de maneira dura os processos que envolviam deputados e senadores.

Em 2018, o ex-ministro Marco Aurélio chegou a conceder uma liminar que soltaria todos os presos condenados em segunda instância. Cinco horas depois, Toffoli derrubou a medida sob a justificativa de que traria insegurança jurídica. Caso não houvesse tido interferência, Lula teria sido libertado quase um ano antes.

A decisão que trouxe maior mágoa ocorreu no início de 2019, quando o irmão do então ex-presidente morreu de câncer. À época, Toffoli atrasou a liberação para que Lula deixasse a sede da Polícia Federal e fosse ao velório de Genival Inácio da Silva, mais conhecido como Vavá. O ministro deixou para expedir o documento dez minutos antes do início do enterro.

O petista estava em Curitiba, a mais de 400 quilômetros de distância de São Bernardo do Campo (SP), onde seu parente foi enterrado. Esta liberação não concedida à tempo do sepultamento marcou o dia de maior raiva de Lula na prisão. De acordo com a Folha de S. Paulo, durante a diplomação no ano passado, o ministro teria pedido desculpas pelo ato.

Vavá e Lula — Foto: Ricardo Stuckert
Vavá e Lula — Foto: Ricardo Stuckert

No entanto, em junho de 2019, veio à tona o vazamento de conversas de autoridades que coordenavam a Lava-Jato, episódio que ficou conhecido como “Vaza-Jato” e colocou em xeque a credibilidade do procedimento. Em reportagens divulgadas pelo The Intercept Brasil, mensagens indicaram que o ex-juiz federal Sergio Moro teria cedido informação privilegiada e orientado o Ministério Público Federal (MPF).

Entre 2019 e 2022, Toffoli foi autor de algumas decisões favoráveis a Lula. Em 2021, deu voto favorável à decisão do STF que anulou as condenações do presidente por entender que houve julgamento parcial. A fala do magistrado foi rápida, seguindo o relator Edson Fachin.

Nesta quarta-feira, fez o maior aceno desde então. Além de ter anulado as provas do acordo de leniência da Odebrecht, Toffoli fez menção direta à prisão de Lula.

“Tratou-se de uma armação fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra legem. Digo sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se prenunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições e ao próprio STF”, disse o ministro em trecho.

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