O Instituto Adolfo Lutz confirmou nesta terça-feira outra morte causada por febre maculosa em Campinas, em São Paulo, após o anúncio da morte da dentista Mariana Giordano, de 36 anos pela mesma doença nesta segunda, e do piloto Douglas Costa, namorado dela. Segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo, a terceira vítima é uma jovem de 28, que não teve a identidade revelada.
Número de óbitos por febre maculosa chega a seis em São Paulo
Segundo o g1, a vítima teve febre, cefaleia, choque e crise convulsiva logo após o início dos sintomas, no dia 3 de junho, sendo internada no dia 7 e indo a óbito no dia 8. Com o novo óbito confirmado, chega a seis o número de mortos pela doença no estado de São Paulo. Foi confirmada também a morte de uma adolescente que estava na mesma festa e havia sido internada em um hospital com suspeitas da doença. O Instituto Adolfo Lutz afirmou que o “óbito será igualmente investigado” e as “amostras ainda devem ser encaminhadas ao laboratório”.
Três vítimas participaram de evento na Fazenda Santa Margarida
As três vítimas da doença, confirmadas até o momento, haviam apresentado sintomas da febre maculosa após participarem de um evento na Fazenda Santa Margarida, interior de Campinas.
“Os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco da febre maculosa. Essa informação é imprescindível para que a pessoa adote comportamentos seguros ao frequentar estes espaços e também para que, após frequentar, se apresentar sinais e sintomas, informe o médico e facilite o diagnóstico. Nos próximos dias, técnicos do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde) farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos (pesquisa acarológica) no espaço”, diz a secretaria de Campinas em nota.
O que é a febre maculosa?
A febre maculosa é uma doença causada pela infecção por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas pela picada do carrapato-estrela. Ela chama atenção devido à alta letalidade. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES) paulista, em 2022 foram 62 casos em São Paulo, dos quais 44 morreram – 74,6%. Outros três casos não foram enquadrados como de cura, porém foram ignorados no levantamento.
O estado é o que contabiliza o maior número de casos e óbitos da doença a cada ano no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. O impacto é desproporcional à população – em 2021, por exemplo, o número de diagnósticos foi cinco vezes maior do que o registrado no Rio de Janeiro, embora o total de habitantes em São Paulo não chegue a ser o triplo do estado fluminense.
Além disso, no país, os dados da pasta mostram que, no ano passado, foram 190 casos e 70 mortes, uma letalidade geral de 36,8%, bem abaixo da observada em São Paulo. Os diagnósticos ocorrem principalmente nas regiões Sudeste e Sul, sendo extremamente raros os registros nos demais estados. Já os óbitos são praticamente todos concentrados em SP, ES, RJ e MG.
Quais os sintomas da febre maculosa?
O casal morreu pouco depois de ambos terem sido internados com picadas de inseto, febre, dores de cabeça e manchas avermelhadas no corpo. Os sinais tiveram início cinco dias antes do óbito. A diretora do Devisa, Andrea von Zuben, informa que o principal sintoma da doença é de fato a febre alta.
“Por isso é importante que o médico sempre pergunte ou que o paciente relate que esteve em área de vegetação com presença de carrapato ou capivara. Com esse histórico, o tratamento deve ser iniciado imediatamente”, diz em nota.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas da febre maculosa são:
- Febre;
- Dor de cabeça intensa;
- Náuseas e vômitos;
- Diarreia e dor abdominal;
- Dor muscular constante;
- Inchaço e vermelhidão nas palmas das mãos e sola dos pés;
- Gangrena (morte de um tecido) nos dedos e orelhas;
- Paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões, causando paragem respiratória.
Tratamento da febre maculosa
O tratamento é feito com antibióticos, que devem ser iniciados imediatamente após o diagnóstico. Ele dura geralmente sete dias e, em muitos casos, é necessária a internação. A demora para iniciar a terapia, ou a não utilização dos medicamentos, aumenta o risco já alto de óbito.