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Leila Pereira autorizou o Palmeiras ir à polícia cobrar R$ 127 milhões da WTorre, que fez o Allianz

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A presidente do clube entrou na Justiça cobrando os R$ 127 milhões que a construtora deve à agremiação, de acordo com a direção.

São Paulo, Brasil

O que fez a direção do Palmeiras procurar a polícia e acusar a construtora WTorre de não repassar R$ 127 milhões do Allianz Parque?

Foi o desgaste de anos e anos de relacionamento ruim.

Antes mesmo de a arena ser construída, a ligação entre construtora e clube sempre foi tumultada.

O falecido Walter Torre já havia mostrado divergências sérias com a direção palmeirense, antes mesmo de a arena estar pronta.

Havia até a ameaça de diminuição do ritmo das obras se o Palmeiras não concordasse com que a construtora ficasse com todos os lugares do estádio para comercializar. Não só com 10 mil. Lembrando que os dois lados concordavam em que as arrecadações dos jogos seriam do clube. 

WTorre queria as cadeiras para alugá-las por anos ou vendê-las. 

O Palmeiras foi contra e brigou, até vencer na Justiça, para impor a cláusula que previa “apenas” 10 mil lugares para a WTorre explorar durante os jogos. E também não ter o controle do preço dos ingressos que o clube iria cobrar para as partidas.

Detalhe é que os shows no Allianz Parque são caríssimos. Inúmeros deles, os mais caros do país.

Conselheiros ligados a Paulo Nobre, com quem Walter Torre brigou abertamente, confidenciaram ao blog: ele teria se arrependido do acordo com o Palmeiras, ao comparar o que o Corinthians fez com a Caixa Econômica Federal e com a Odebrecht, com o clube assumindo a dívida para a construção do estádio.

O Palmeiras não pagou um centavo. Deu o direito de exploração à WTorre por 30 anos. A construtora ficou com os R$ 300 milhões dos naming rights pagos pela empresa de seguros Allianz.

Walter Torre, primeiro à esquerda, com Paulo Nobre, segundo à direita. Relação já começou difícil
Walter Torre, primeiro à esquerda, com Paulo Nobre, segundo à direita. Relação já começou difícil
REPRODUÇÃO/PALMEIRAS

E ainda a exploração de shows, com percentuais que repassa ao clube.

Walter Torre nunca se conformou em perder a disputa judicial para o Palmeiras. E teve de se contentar em explorar as 10 mil cadeiras do estádio durante os jogos, enquanto durar o acordo, até 2044.

Com o presidente Mauricio Galiotte também houve problemas.

Conselheiros reclamavam com a construtora de que a parcela de dinheiro envolvendo shows e demais eventos que realizava no estádio não estava sendo paga.

O clima ficou muito pior depois que Walter Torre morreu, no fim de 2020.

Leila Pereira assumiu a presidência do Palmeiras. Executiva, dona da Crefisa e da Faculdade das Américas, entre outras empresas, além de patrocinadora do clube, ela passou a exigir os pagamentos atrasados.

E o dinheiro não chegava aos cofres palmeirenses.

Leila encampou uma campanha contra cambistas nunca vista no Palmeiras.

Faz parte dessa luta fiscalizar a venda dos ingressos e a entrada dos torcedores. Ela exigiu reconhecimento facial, para evitar vendas paralelas de entradas. Inclusive nos 10 mil lugares da WTorre. Com torcedores comprando ingressos com cambistas que seriam de uso da WTorre.

A construtora não aceitou, divulgou uma nota afirmando que a decisão foi unilateral.

Foi a gota d’água para Leila Pereira.

Ela decidiu procurar a polícia.

Revelar que, desde que a arena foi inaugurada, apenas sete meses de repasse do percentual do Palmeiras em show e eventos foram feitos.

E tornar público que o total da dívida da WTorre é de R$ 127 milhões.

O clube tentava acordo extrajudicial, sem exposição do conflito, desde 2017.

A construtora nega.

Mas não divulgou nenhum recibo de pagamento.

Vale lembrar que o clube tem direito à porcentagem em lojas, lanchonetes e estacionamentos; locação de cadeiras, lanchonetes, camarotes e até dos naming rights, que o Allianz paga.

A presidente Leila Pereira afirmou a apoiadores que “fez de tudo” para não tornar pública a dívida da WTorre com o Palmeiras.

Mas decidiu dar um “ponto-final”.

A empresa terá de arrumar uma maneira de pagar.

Nem que tenha de fechar um acordo para descontos em próximos eventos.

“O Palmeiras vai receber o que é seu”, assegurou Leila a um conselheiro, ontem à noite, quando o escândalo se tornou público.

A cobrança chegou ao 23º Distrito Policial de São Paulo.

A WTorre afirma que não tomou conhecimento do processo…