Cerca de 190 entidades realizaram um ato contra o racismo e em solidariedade ao jogador Vinicius Júnior, no Centro do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. Pela manhã, representantes do movimento antirracista foram recebidos pelo Consul da Espanha, Ángel Vázquez Díaz de Tuesta, no consulado, para revindicar a punição aos crimes sofridos pelo jogador do Real Madrid.
O grupo entregou um requerimento no qual cobra uma série de providências, entre elas, o indiciamento de quatro dos agressores e a marcação de uma audiência pública com autoridades espanholas no Brasil. O cônsul se comprometeu a encaminhar a solicitação da audiência à Embaixada do país, em Brasília.
O ato público, que teve apoio do Ministério do Esporte, começou no fim da tarde, no Centro, com concentração na Candelária. Após uma série de falas dos líderes da mobilização, os manifestantes caminharam pela Rio Branco, em direção à Cinelândia.
Ataque hacker
Durante a organização do ato, o grupo sofreu um ataque hacker, promovido durante uma das reuniões, realizadas em plataformas digitais. Em um dos encontros, um usuário apresentou imagens de macacos e pessoas brancas nuas.
Segundo Bruno Candido, advogado antidiscriminatório, representante da Associação Advocacia Preta Carioca e um dos líderes da manifestação, o ato tem como reivindicação principal a responsabilização no Brasil e no mundo contra a violência racial e o apoio a Vini Júnior.
— O posicionamento do Vinicius nos permite, por meio da visibilidade que tem o futebol, transformar a mentalidade do mundo sobre como a população negra é tratada. O movimento negro do Estado do Rio de Janeiro requer a intervenção do governo espanhol para que seja considerado o protagonismo da nossa narrativa sobre o processo de negação da nossa humanidade, impedimento de acesso à nossa cidadania e não consideração à nossa dignidade — disse o advogado.
A carta ao Governo da Espanha
O requerimento encaminhado reivindica a instalação de inquérito por ato de violência racial, e racismo institucional em ambiente esportivo em desfavor da La Liga, a liga de futebol espanhola; do seu presidente, Javie Tebas; do clube Valência e dos jogadores Giovani Mamardashvilli e Hugo Duro. Requer, ainda, instauração de inquérito para apuração dos fatos de racismo sofridos por Vini Júnior ao longo dos anos e a apresentação dos registros de quais medidas foram adotadas para apuração, responsabilização e prevenção dos atos.