Em seu discurso na cerimônia de entrega do Prêmio Camões, em Portugal, nesta segunda-feira, 24, o cantor Chico Buarque falou sobre a demora em receber seu título — mas também teceu críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que recebeu o prêmio “menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”.
Chico recebeu a honraria em 2019, mas o Bolsonaro se recusou a assinar a documentação necessária para que o artista recebesse o diploma. No discurso desta segunda-feira, o cantor “agradeceu” ao ex-presidente por tal medida.
“Conforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando espaço para a assinatura do nosso presidente Lula”,
afirmou Chico.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também atacou Bolsonaro. “Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”, afirmou o petista.
“Digo isso porque esse prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê.”
A honraria concedida a Chico Buarque
O Prêmio Camões é uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, criado em 1988. É uma importante honraria da língua lusófona. Na lista de brasileiros laureados estão Raduan Nassar (2016), Ferreira Gullar (2010), Lygia Fagundes Telles (2005) e Jorge Amado (1994).
O escritor homenageado recebe € 100 mil (cerca de R$ 555 mil). Metade desse valor é subsidiado pela Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura — ou seja, o dinheiro sai dos cofres da União. A outra metade é paga pelo governo português.
