Cuca abriu sua primeira coletiva como técnico do Corinthians afirmando que é inocente no caso de estupro de uma menina de 13 anos, em 1987, na Suíça.
Esse é um tema que ocorreu há 37 anos, tenho uma vaga lembrança. Nessa lembrança, subiu uma menina para o quarto que eu estava com mais três jogadores, pois era um quarto duplo. Essa é minha participação no caso, eu sou totalmente inocente, eu não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Houve um ato sexual com uma vulnerável. Essa foi a pena dadaCuca, técnico do Corinthians
Cerca de 200 corinthianos fazem um protesto na frente do CT Dr. Joaquim Grava contra a contratação do treinador. Ele também comentou as primeiras reações negativa da torcida desde que saiu o anúncio oficial.
“Pode ter protesto ou o que for, mas nada é maior que a vontade de estar aqui”, disse Cuca, que fará seu primeiro trabalho pelo Corinthians depois de ter passagens pelos três principais rivais, Palmeiras, São Paulo e Santos.
“Vou passar por cima de tudo, de protesto. Se não tiver protesto, melhor. Mas hoje eu sou Corinthians”, seguiu o treinador. “Tendo saúde e paz, você fica tranquilo. E hoje eu durmo tranquilo.”
Por mais de uma oportunidade, Cuca citou que “não tem que pedir desculpas pelo o que eu não fiz” e afirmou que não foi reconhecido pela vítima como um dos agressores na ocasião.
O técnico ainda fez questão de reforçar que sua família é de maioria feminina — ele tem duas filhas com Rejane Stival, com quem é casado desde 1985, desde antes do caso em Berna, na Suíça.
Entenda o caso
Nesta quinta-feira, o Corinthians anunciou a contratação do experiente Cuca para o cargo de treinador da equipe profissional. Logo após o comunicado, o movimento do clube paulista começou a repercutir entre torcedores do clube nas redes sociais.
As reações por parte da Fiel Torcida foram, quase de forma unânime, negativas à contratação de Cuca. O principal motivo se dá pela condenação do treinador por estupro coletivo envolvendo uma jovem de 13 anos, em Berna, na Suíça.
Em 1987, Cuca era jogador do Grêmio e, durante uma excursão do clube à Europa, acabou detido junto de três companheiros (Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi), sob a alegação de terem tido relações sexuais com uma adolescente de 13 anos. O quarteto ficou preso por 30 dias na Suíça e depois retornou ao Brasil.
A condenação foi dada dois anos depois, em 1989. O técnico declarou que não tinha conhecimento do julgamento e, por isso, não se defendeu na Justiça.
“O meu erro foi não ter me defendido. Eu não tinha dinheiro para me defender e eu nem soube que tinha sido julgado. Nós ficamos lá para a averiguação. Por três vezes a moça esteve lá na frente. Não é que ela não me reconheceu. Eu não estava. A vítima é a moça. Se a vítima fala que eu não estava e eu juro por Nossa Senhora que eu não estava, como posso ser condenado pela internet?”, questionou na coletiva.
Em 2021, numa entrevista à jornalista Marília Ruiz ao lado da mulher e de suas filhas, Cuca negou o estupro:
Não houve estupro como falam, como dizem as coisas. Houve uma condenação por ter uma menor adentrado o quarto. Simplesmente isso. Não houve abuso sexual, tentativa de abuso ou coisa assim. Eu estava no Grêmio havia duas ou três semanas apenas, não conhecia ninguém. Eu jamais toquei numa mulher indevidamente ou inadequadamenteCuca, em 2021
Houve também os torcedores que propuseram atos de boicote ao clube. O perfil “Base Corinthiana”, um dos maiores ligados ao clube, por exemplo, adotou voto de silêncio sobre a equipe profissional masculina enquanto Cuca seguir no cargo.
A campanha #RespeitaAsMina, utilizada pelo Corinthians para popularizar o futebol feminino, ainda foi relembrada por boa parte da torcida, apontando uma suposta hipocrisia do clube ao contratar Cuca. O termo mais utilizado foi de “um cuspe” à história de inclusão do clube paulista.