O governo federal, por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) suspendeu o contrato de R$ 165,7 milhões do ‘Lote Crarlie’, mais conhecido como o “Trecho do Meio” da rodovia BR-319, que liga as capitais dos estados do Amazonas e Rondônia, Manaus e Porto Velho, respectivamente. A justificativa é que “as chuvas”, tradicionais nesta época do ano na região, “comprometem as obras” e que o “trânsito está ocorrendo normalmente”.
O contrato do governo federal com o consórcio Tecon/Ardo/RC foi fechado em dezembro de 2020 para obras de recuperação e asfaltamento de 52 quilômetros (do 198 ao 250 km), chamado de lote C (Charlie). Conforme o acordo feito pelo Dnit, o valor do serviço é de R$ 165,7 milhões.
Inaugurada nos anos 70 pelo governo militar, a estrada é a única ligação terrestre dos estados do Amazonas e Roraima com o restante do país. Ela é considerada estratégica para a economia, principalmente, do Amazonas, que tem um parque industrial com mais de 600 empresas em Manaus de eletroeletrônicos – celulares, televisores -, bicicletas, motocicletas para o mercado brasileiro e escoam a produção por via área, com um frete muito mais caro.
O turismo na rodovia com pousadas e hotéis de selva, assim como a agricultura familiar, também sofrem com as péssimas de condições de tráfego. Os moradores dos municípios interligados pela estrada dependem dela para o abastecimento de remédios e alimentos.
Na última seca dos rios Amazonas, Negro e Madeira, embarcações não conseguiam chegar a esses municípios e com as quedas de duas pontes – quilômetros 10 e 25 – milhares de amazonenses ficaram isolados, sem remédio e alimentos, sendo necessária a ajuda do Estado e da decretação de Estado de Calamidade Pública.
Diariamente, dezenas de motoristas de ônibus, caminhões e veículos particulares enfrentam a rodovia e seus atoleiros, alagações, desabamentos, e obras inacabadas que são registradas todos os dias nos grupos de WhatsApp da Associação dos Amigos e Defensores da BR-319.
A suspensão do contrato foi publicado na última quarta-feira (15), no Diário Oficial da União (DOU). O contrato 761/2020 com o consórcio Tecon-Ardo-RC, tem validade até 6 de julho deste ano, para elaboração dos projetos básico e executivo de engenharia e a execução das obras de reconstrução dos 52 quilômetros entre os quilômetros 198 e 250,00, o Lote ‘C’.
Associação dos Amigos e Defensores
Para o presidente da Associação de Amigos e Defensores da Br-319, André Marsílio, o Dnit deixou de fiscalizar a empresa contratada para a obra.
“A empresa não cumpriu 10% do que estava programado. São 52 km para serem pavimentados e não colocaram nem um quilômetro de asfalto. Além disso, deixou esse trecho completamente impossibilitado para tráfego porque eles tiveram de arrancar o asfalto para fazer base e sub-base (veja vídeo abaixo). Colocaram trator e acabaram estragando a estrada porque não acabaram a obra. Não completando a obra, simplesmente deixaram a estrada pior do que poderia estar”, explica Marsílio.