Cair, levantar, mas nunca desistir. Esse é o lema da estudante Geovana Campos, 17 anos, que conquistou três recordes escolares e renderam ouro em três modalidades do atletismo, durante as Paralimpíadas Escolares 2022, em São Paulo. A paratleta, com paralisia cerebral, é indígena do povo Kokama.
Geovana estuda na Escola Estadual Sérgio Mendonça de Aquino, localizada na comunidade do Novo Remanso, no município de Itacoatiara (a 176 quilômetros de Manaus).
Geovana quebrou o próprio recorde nas corridas de 100 e 400 metros e no Lançamento do Dardo. O recorde anterior foi conquistado na fase regional das Paralimpíadas 2022, em Brasília.
“Eu realmente não esperava que fosse alcançar meu recorde, porque eu não consegui treinar como eu gostaria. O professor passava os treinos para mim e eu precisava treinar sozinha na minha cidade, no quintal de casa mesmo. Então eu não esperava, mas agora que eu ganhei eu sei que tenho capacidade, sou uma campeã”, comemora.
Jornada no esporte
Geovana é a filha do meio e única mulher de cinco irmãos. A caminhada da jovem começou em 2017, com pequenas corridas, ela conta que era muito difícil. “Logo que eu comecei eu caia muito, não tinha firmeza nas pernas, mas sempre me levantava e, hoje, já não caio mais”, enfatiza.
No início, o próprio professor falou qual o esporte seria mais aconselhado para sua deficiência. A primeira competição foi em 2017, a recordista escolar já começou a vida esportiva ganhando três medalhas de ouro. Com a última conquista, ela completou 28 medalhas em sua coleção.
“Eu me sentia limitada e o esporte me mostrou que não sou”, comemora Geovana Campos, recordista paralímpica escolar.
Com a pandemia da Covid-19, a família precisou se mudar de Manaus para a comunidade de Novo Remanso. E Geovana precisou se reinventar e se adaptar a novas formas de treinar. Com apoio do técnico, atualmente ela treina apenas seguindo orientações por celular, no quintal de casa. Só vai a Manaus para os treinos finais, quando tem competição.
O esporte realizou sonhos na vida estudante, entre eles, voar de avião, ter reconhecimento nacional e conhecer outros lugares. Pelas Paralimpíadas Escolares ela já passou por três estados: Pernambuco, Paraíba, São Paulo e pelo Distrito Federal.
Este é o último ano em que ela competiu pelos jogos e, agora, já faz planos para o ano que vem. “Eu quero fazer Educação Física e ajudar pessoas como eu, mostrar que com o esporte elas podem ser campeãs. Antes mesmo de eu vir para cá (São Paulo), eu conheci uma menina com a mesma deficiência que eu. Já convidei ela para fazer o esporte e ano que vem o técnico já começa a treinar com ela”, destaca a estudante.